O ódio diz que resolver as coisas com a paz é a maior das tolices humanas. Sugere sempre que a mansidão não muda nada e que ela significa submissão e comodismo.
Esse trabalho que o ódio faz tão bem no meu ouvido, no seu ouvido e no ouvido de cada um, diuturnamente, me lembra muito a cobra que metaforicamente é citada no livro mais lido do mundo: a Bíblia Sagrada.
É claro que eu não sou adepta à visão de que o conhecimento pertença a uma árvore proibida ou pecaminosa. Mas quando me refiro a essa afirmação tão temida há mais de sei lá quantos anos, imagino que os que mais criticariam esses vagos pensamentos que aqui exponho provavelmente serão aqueles que se alimentam e desfrutam das maçãs como elixir de poder. Comem cada vez mais. Meu apreço é maior pela ideia de cultivá-las. Sou do tipo que gostaria que tivessem muitas macieiras pelas ruas. Para quem quisesse comer maçãs.
Mas volto à reflexão inicial observando que somos constante e insistentemente bombardeados com a ordem de que só luta quem enfrenta com o sangue atingindo a ebulição ou quando a língua se transforma numa arma potente, dessas de última geração, que atira tudo o que pensa e não deixa barato, com um poder tão grande que coloca a educação imóvel, amordaçada num canto qualquer. E sigo caminhando pelos túneis da vida, tentando enxergar alguma chance, alguma luz além da que carrego comigo de que a Terra um dia encontre a paz. Fico só vendo as "Evas" (pessoas que aceitam as sugestões do ódio) propagando aos "Adãos" (aqueles que sequer viram de onde o ódio veio que mordem as maçãs com vontade). As podres. Mordem tão rápido que não prestam atenção. E pelo visto, todos esses vão continuar por aqui durante muito tempo. Fazer o quê?
Enquanto isso eu sigo negando o ódio e sendo atacada por ele de nomes que provam o seu descontentamento. Sabem de uma coisa? Continuarei descontentando o ódio. Gosto disso. É meu jeito de lutar.
Por Alessandra Luiza
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